
DAMASCO (Reuters) – O líder sírio Ahmed al-Sharaa acusou Israel de tentar dividir a Síria e prometeu proteger sua minoria drusa, nesta quinta-feira, depois que a intervenção dos Estados Unidos ajudou a acabar com os combates mortais entre forças do governo e combatentes drusos no sul do país.
Durante a noite, as tropas do governo liderado por islâmicos se retiraram da cidade predominantemente drusa de Sweida, onde dezenas de pessoas foram mortas em poucos dias de conflito.
Um jornalista local afirmou ter contado mais de 60 corpos nas ruas de Sweida na manhã de quinta-feira. Ryan Marouf, do Suwayda24, disse à Reuters que encontrou uma família de 12 pessoas mortas em uma casa, incluindo mulheres e um homem idoso. “As pessoas estão procurando por corpos”, disse ele em uma gravação de voz.
A violência na Síria aumentou drasticamente na quarta-feira, quando Israel lançou ataques aéreos em Damasco, atingindo também as forças do governo no sul, exigindo sua retirada e dizendo que Israel pretendia proteger os drusos sírios — parte de uma minoria pequena, mas influente, que também tem seguidores no Líbano e em Israel.
Israel, que bombardeou a Síria com frequência durante o governo do presidente deposto Bashar al-Assad, atacou o país repetidamente este ano, descrevendo seus novos líderes como jihadistas mal disfarçados e dizendo que não permitirá que eles posicionem forças em áreas do sul da Síria próximas à sua fronteira.
Ao discursar para os sírios na quinta-feira, o presidente interino Sharaa acusou Israel de tentar “desmantelar a unidade de nosso povo”, afirmando que o país “sempre teve como alvo nossa estabilidade e criou discórdia entre nós desde a queda do antigo regime”.
Sharaa, que foi comandante de uma facção da Al Qaeda antes de cortar os laços com o grupo em 2016, disse que proteger os cidadãos drusos e seus direitos é “nossa prioridade” e rejeitou qualquer tentativa de arrastá-los para as mãos de um “partido externo”.
Ele também prometeu responsabilizar aqueles que cometeram violações contra “nosso povo druso”.
A Rede Síria de Direitos Humanos disse ter registrado 193 mortos em quatro dias de combates, entre eles profissionais de saúde, mulheres e crianças.
O chefe da Rede, Fadel Abdulghany, declarou à Reuters que o número inclui casos de execuções em campo por ambos os lados, sírios mortos por ataques israelenses e outros mortos em confrontos, mas que levaria tempo para detalhar os números de cada categoria.
(Reportagem de Timour Azhari, Suleiman al-Khalidi e Kinda Makieh em Damasco, Maya Gebeily em Beirute, Muhammad Al Gebaly no Cairo e Redação da Reuters)