Mato Grosso se antecipa e constrói plano estratégico para inteligência artificial alinhado ao cenário nacional

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Workshop foi realizado na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em Cuiabá - Foto por: Maria Clara Rosse-Ascom Seciteci

Mato Grosso está se posicionando entre os estados pioneiros na formulação de um Plano Estratégico de Inteligência Artificial (IA), iniciativa conduzida pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci) em articulação com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), universidades, setor produtivo e órgãos públicos.

O objetivo é assegurar que o estado não apenas acompanhe, mas se insira de forma estratégica e soberana na transformação tecnológica que já atinge áreas como educação, saúde, segurança, meio ambiente, agronegócio, logística, serviços públicos, dentre outros.

A discussão, que já vinha sendo amadurecida desde o ano passado, ganhou força nesta terça-feira (1º.7), durante o Workshop do Plano Estratégico de IA, onde o grupo de trabalho apresentou o andamento das ações e abriu o debate para novas instituições e especialistas. O evento foi realizado nesta hoje (1º), em Cuiabá, na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

A iniciativa está conectada ao Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), com foco na realidade mato-grossense, considerando as vocações regionais e as particularidades locais.

“Não é aceitável que um estado como o Mato Grosso, que tem grandes desafios e também enormes oportunidades no meio ambiente, no agro e na logística, não seja protagonista no uso de IA para resolver ou potencializar essas áreas. Precisamos ter a ousadia de nos posicionar na vanguarda onde somos relevantes”, afirmou durante o workshop Cristiano Torezzan, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que integra a equipe técnica responsável pela elaboração do plano estadual.

Segundo Rodrigo Bruno Zanin, secretário adjunto de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação da Seciteci, a proposta não é apenas criar um documento, mas construir uma política de Estado. “Essa não é uma política apenas da Secretaria. É do Estado de Mato Grosso, construída de forma coletiva, com quem quiser participar do projeto. A inteligência artificial virou realidade em várias áreas, não é mais tendência. Precisamos evitar ações isoladas e fragmentadas”, destacou.

Até o momento, o grupo de trabalho concluiu três etapas: o mapeamento do cenário estadual, uma análise detalhada de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT), além da definição de missão, visão e valores que nortearão as decisões estratégicas.

O plano aponta desafios como a falta de infraestrutura de alto desempenho (incluindo supercomputadores e Graphics Processing Unit, os GPUs) e a escassez de profissionais capacitados na área. Por outro lado, identifica oportunidades como o investimento em um supercomputador já em andamento, a possibilidade de criação de um observatório estadual de IA e o potencial de consolidar centros de excelência em áreas estratégicas para o Estado.

Entre as ações previstas estão investimentos em infraestrutura tecnológica, programas de capacitação e estímulo à pesquisa aplicada, incentivo à inovação no setor privado e a criação de uma política regulatória para o uso ético e seguro da IA. A ideia é organizar esforços para atrair recursos, evitar desperdícios e garantir que Mato Grosso conquiste protagonismo nas áreas em que tem força.

“Se a gente não se organizar, vai ficar cada um resolvendo os gargalos separadamente. Precisamos ter um plano para não desperdiçar recursos, garantir resultados consistentes e coletivamente”, ressaltou Zanin.

O próximo passo é finalizar o documento-base do Plano Estratégico de IA e disponibilizá-lo para consulta pública antes de enviá-lo à Assembleia Legislativa. A expectativa é que a construção coletiva não apenas qualifique o debate técnico, mas também atraia o interesse do setor privado, fundamental para desenvolver soluções locais, fomentar startups e garantir que a IA seja um instrumento de desenvolvimento sustentável, inclusão digital e justiça social no Estado.

PBIA em números

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê R$ 23,23 bilhões em investimentos entre 2025 e 2029. Até maio deste ano, 31% das ações estavam concluídas ou em andamento, enquanto 48% devem ser lançadas ainda no segundo semestre de 2025. Os recursos nacionais contemplam infraestrutura, formação de profissionais, modernização de serviços públicos e estímulo à inovação. Esses números sinalizam uma janela de oportunidade para Mato Grosso se inserir de forma competitiva no cenário nacional.

Fonte: Governo MT – MT