Tributação na Argentina impulsiona alta da soja no início de julho
O mercado da soja iniciou o mês de julho com tendência de alta tanto no Brasil quanto no cenário internacional. O principal fator para esse avanço está relacionado às novas medidas tributárias anunciadas pelo governo da Argentina, um dos maiores exportadores globais do grão e seus derivados.
As novas alíquotas, conhecidas como “retenciones”, foram oficializadas em 27 de junho e entraram em vigor no dia 1º de julho. A exportação de soja passou a ser taxada em 33%, ante os 26% anteriores. Já os derivados, como o farelo e o óleo de soja, agora são tributados em 31%, acima dos 24,5% que eram cobrados.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), essa mudança deve reduzir a competitividade dos produtos argentinos no mercado global, abrindo espaço para que outros países, como o Brasil e os Estados Unidos, absorvam parte da demanda internacional.
Apesar disso, a valorização da soja no mercado interno tem sido limitada pela recente queda do dólar frente ao real, que fechou junho com média de R$ 5,53 – o menor patamar desde o mesmo mês do ano passado. Ainda assim, a expectativa é de que os estoques brasileiros consigam responder com agilidade a uma possível migração da demanda para os portos nacionais.
Queda forte em Chicago pressiona preços e preocupa mercado
Na manhã desta segunda-feira (7), os preços da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) abriram em forte queda, acompanhando a tendência negativa de outras commodities agrícolas, como milho e trigo. Por volta das 7h10 (horário de Brasília), os contratos perdiam entre 17 e 21,50 pontos. O contrato de julho era negociado a US$ 10,39 por bushel, o de setembro a US$ 10,20 e o de novembro, referência para a safra americana, valia US$ 10,28.
A pressão também vem do farelo de soja, que recuava mais de 1,5% no mesmo período. A queda generalizada é atribuída ao bom desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste dos Estados Unidos, beneficiadas pelas chuvas recentes. De acordo com Ginaldo Sousa, diretor do Grupo Labhoro, o clima de junho foi bastante favorável, e julho é o mês crítico para o milho, enquanto agosto define a produtividade da soja.
Outro fator que gera incerteza é a ausência de avanços nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. A visita recente do ex-presidente Donald Trump ao estado de Iowa, embora aguardada com expectativa pelo mercado, não trouxe novidades concretas sobre o tema.
Além disso, os operadores acompanham a expectativa em torno do novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), previsto para esta semana, que pode influenciar significativamente as cotações.
Soja brasileira enfrenta retração nas negociações
No Brasil, os preços internos da soja começaram a semana estáveis, mas devem recuar devido à forte queda em Chicago. A reabertura do mercado norte-americano, após o feriado do Dia da Independência na sexta-feira (4), devolveu parte dos ganhos recentes acumulados pela oleaginosa, que havia registrado alta superior a 2% na semana anterior.
Na última sexta-feira, a comercialização no mercado brasileiro esteve travada. Com a ausência do pregão em Chicago, faltou referência internacional para formação de preços. Os valores permaneceram estáveis nas principais praças:
- Passo Fundo (RS): R$ 131,00 por saca
- Santa Rosa (RS): R$ 132,00 por saca
- Rio Grande (RS – Porto): R$ 137,00 por saca
- Cascavel (PR): R$ 131,00 por saca
- Paranaguá (PR – Porto): R$ 136,00 por saca
- Rondonópolis (MT): R$ 117,00 por saca
- Dourados (MS): R$ 120,00 por saca
- Rio Verde (GO): R$ 120,00 por saca
Com o retorno das negociações nos Estados Unidos, o contrato de novembro/25 em Chicago caiu cerca de 2%, sendo cotado a 10,128¼ centavos de dólar por bushel.
Câmbio e indicadores globais
O dólar comercial abriu em leve alta nesta segunda-feira, com variação de 0,41%, sendo cotado a R$ 5,4463. Já o Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de moedas, registrava alta de 0,20%, a 97,381 pontos.
Nos mercados internacionais:
- Bolsas asiáticas: Xangai (+0,02%), Tóquio (-0,56%)
- Bolsas europeias: Paris (+0,24%), Frankfurt (+0,83%), Londres (-0,04%)
- Petróleo WTI (agosto/NY): US$ 66,93 por barril (-0,10%)
Perspectivas
Com um cenário global ainda incerto, o mercado da soja segue atento à evolução do clima nos Estados Unidos, ao comportamento do câmbio e às repercussões das novas políticas tributárias na Argentina. A combinação desses fatores deve continuar influenciando diretamente os preços e o ritmo das negociações nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio