Mercado de café sofre forte pressão com colheita no Brasil e projeção de superávit global

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Nesta quarta-feira (2), os contratos futuros de café apresentaram novas quedas nas bolsas de Nova Iorque e Londres. Os preços do arábica recuaram mais de 1%, operando na casa dos US$ 2,95 por libra-peso no contrato de julho de 2025, rompendo com maior tranquilidade a linha psicológica dos 300 cents. O robusta também registrou desvalorização, com o contrato de setembro de 2025 negociado a US$ 3.588 por tonelada, após cair US$ 72.

As variações refletem a alta volatilidade do mercado, influenciada por ajustes técnicos e pelo otimismo quanto ao avanço da colheita no Brasil.

Colheita brasileira avança e pressiona cotações

Segundo a Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país, até o dia 27 de junho, cerca de 31,4% do volume de café previsto para a safra 2025 já havia sido colhido. Esse ritmo acelerado de colheita reforça a percepção de uma oferta mais tranquila no curto prazo, mesmo diante de relatos de perda de potencial produtivo em algumas áreas de arábica.

Geadas atingem áreas produtoras, mas impacto maior deve ocorrer em 2026/27

Na semana passada, uma frente fria mais intensa provocou geadas em regiões cafeeiras do Brasil. De acordo com o Cepea, os efeitos foram mais significativos no Norte do Paraná, onde produtores ainda avaliam os danos, com muitos relatando perdas expressivas que devem comprometer a safra de 2026/27.

Em São Paulo e Minas Gerais, os impactos foram pontuais, especialmente em áreas de baixadas. A colheita atual da safra 2025/26 segue em andamento nessas regiões, sem registro de prejuízos causados pelo clima até o momento.

Relatório do USDA projeta superávit global para 2025/26

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu relatório semestral com projeções para a safra global de café. A expectativa é de produção recorde em 2025/26, totalizando 178,68 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento de 2,5% em relação à temporada anterior.

Já o consumo global deve alcançar 169,36 milhões de sacas, um crescimento de 1,7%. Com isso, o superávit na oferta mundial deve atingir 9,32 milhões de sacas, acima dos 7,88 milhões estimados para 2024/25. Esse cenário reforça a tendência de pressão sobre os preços internacionais do café.

Consumo enfraquecido no Hemisfério Norte contribui para viés de baixa

Além da oferta crescente, a demanda global enfrenta um período de retração. No Hemisfério Norte, o verão reduz o consumo de bebidas quentes. A isso se somam os preços elevados no varejo e as incertezas econômicas, que afetam negativamente o apetite do consumidor por café.

Encerramento com perdas expressivas

Na terça-feira (1º), a Bolsa de Nova Iorque registrou fortes quedas. O contrato do arábica com vencimento em setembro de 2025 fechou cotado a 291,95 cents de dólar por libra-peso, com recuo de 2,7%. A posição de dezembro caiu para 286,15 cents, perda de 2,9%. Durante o pregão, o contrato de setembro chegou à mínima de 288 cents, o menor nível desde dezembro de 2024.

Cenário exige atenção do setor

Com uma combinação de fatores climáticos, avanço da colheita no Brasil e expectativa de superávit global, o mercado de café vive um momento de grande volatilidade e pressão baixista. Embora as geadas mantenham o clima no radar dos produtores, o cenário de oferta abundante e consumo enfraquecido segue dominando as atenções dos investidores.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio