Baixa liquidez e escassez regional marcam mercado interno
O mercado de milho segue enfrentando um cenário de baixa liquidez e escassez de negócios em diversas regiões do Brasil. Segundo informações da TF Agroeconômica, no Rio Grande do Sul, a demanda enfraquecida reduziu ainda mais as indicações de compra, com preços girando entre R$ 64,00 e R$ 68,00/saca, dependendo da região. As ofertas para agosto variam de R$ 66,00 a R$ 70,00, mas sem atrair os compradores.
Em Santa Catarina, o mercado está praticamente paralisado devido ao impasse entre vendedores e compradores. No Planalto Norte, produtores mantêm as pedidas em R$ 80,00/saca, mas as ofertas não ultrapassam R$ 75,00. Em Campos Novos, a diferença entre pedidos e ofertas chega a R$ 10,00/saca, com produtores pedindo até R$ 85,00 e compradores ofertando até R$ 75,00 CIF.
Já no Paraná, a colheita lenta da segunda safra e o risco de geadas mantêm os produtores firmes nas pedidas. Nos Campos Gerais, o milho disponível é ofertado a R$ 76,00/saca FOB, com registros pontuais a R$ 80,00. No entanto, as ofertas CIF permanecem em R$ 73,00, voltadas especialmente à indústria de rações.
No Mato Grosso do Sul, o cenário é de forte retração. As cotações caíram de forma generalizada, com destaque para Sidrolândia, onde houve a maior queda. A liquidez continua baixa, e os agentes de mercado demonstram pouco interesse em negociar.
Clima favorável nos EUA pressiona cotações internacionais
No mercado externo, os preços futuros do milho iniciaram a semana em queda na Bolsa de Chicago (CBOT). O clima favorável no cinturão agrícola dos Estados Unidos tem sido o principal fator de pressão sobre os contratos. Conforme informações da Farm Futures, a previsão para o Centro-Oeste norte-americano indica temperaturas quentes, mas não extremas, além de chuvas bem distribuídas — cenário ideal para o desenvolvimento da safra, especialmente na fase de polinização.
Outro fator que tem contribuído para a queda dos preços é a incerteza no comércio internacional. O ex-presidente Donald Trump anunciou que pretende aplicar tarifas de 25% sobre produtos importados do Japão e da Coreia do Sul a partir de 1º de agosto. Os dois países estão entre os maiores compradores de milho dos EUA, e a medida gera preocupação entre os exportadores americanos.
Na manhã desta terça-feira (8), os contratos futuros do milho na CBOT operavam com recuos:
- Julho/25: US$ 4,16 (-1,75 pts)
- Setembro/25: US$ 4,01 (-2,5 pts)
- Dezembro/25: US$ 4,17 (-3 pts)
- Março/26: US$ 4,34 (-3 pts)
Preços recuam na B3 em meio a cenário interno desfavorável
Na Bolsa Brasileira (B3), os preços do milho também recuaram nesta segunda-feira (8), em movimento alinhado à baixa observada em Chicago. O leve alívio na paridade cambial evitou perdas maiores no mercado interno. Segundo o Cepea, os preços do cereal atingiram os menores patamares do ano em várias regiões do país, pressionados pela maior oferta no mercado spot e pela colheita da segunda safra, ainda abaixo dos níveis de 2023.
Além disso, as limitações de armazenagem e a baixa paridade para exportação intensificam a queda das cotações. Do lado da demanda, compradores se mantêm cautelosos, negociando apenas volumes reduzidos para consumo imediato.
As exportações seguem em ritmo lento. Dados da Secex mostram que, nos primeiros dias de julho, o Brasil embarcou apenas 120,7 mil toneladas de milho, número abaixo do esperado. A escassez de grãos nos portos tem atrasado os embarques e comprometido o desempenho externo.
Na B3, as cotações do milho fecharam o dia com as seguintes variações:
- Julho/25: R$ 61,61 (-R$ 0,33 no dia / -R$ 1,83 na semana)
- Setembro/25: R$ 61,94 (-R$ 0,28)
- Novembro/25: R$ 66,22 (-R$ 0,30)
Em Chicago, o milho para setembro caiu 3,99%, encerrando a US$ 403,50/bushel. O contrato de dezembro recuou 3,72%, sendo negociado a US$ 420,75/bushel.
O mercado do milho permanece sob forte pressão, tanto no cenário doméstico quanto internacional. A combinação de baixa liquidez, resistência dos produtores, clima favorável nos EUA e incertezas comerciais segue limitando o avanço das cotações. Enquanto compradores permanecem cautelosos e o ritmo de exportação é lento, o mercado aguarda por sinais mais claros de recuperação.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio