Mercado segue travado no Sul do Brasil
O mercado de trigo na região Sul continua enfrentando dificuldades, com negociações limitadas e preços pressionados. De acordo com a TF Agroeconômica, a fraca demanda por farinha e os estoques elevados têm impedido uma recuperação significativa nas cotações.
No Rio Grande do Sul, o trigo pão da safra velha foi comercializado entre R$ 1.350 e R$ 1.380 FOB, apresentando uma leve alta em relação à semana anterior. Ainda assim, o mercado projeta uma possível valorização antes da entrada da nova safra, que pode voltar a pressionar os preços, com retomada esperada apenas a partir de fevereiro.
O plantio no estado gaúcho já alcança 80% da área estimada, favorecido pelo clima seco e pela alta capacidade operacional dos produtores. Moinhos do Paraná iniciaram as compras da nova safra gaúcha, com negócios reportados a R$ 1.200 FOB. No cenário internacional, os preços de exportação para dezembro giram em torno de US$ 230 por tonelada, o que equivale a R$ 1.276 no porto de Rio Grande.
Santa Catarina registra um mercado praticamente parado, com apenas um lote de trigo branqueador do RS negociado a R$ 1.550 FOB. Os preços locais seguem estáveis em R$ 78,00 por saca, com leve queda em Joaçaba, onde a média foi de R$ 73,33. A venda de sementes caiu cerca de 20% em comparação ao ano anterior, e a Conab já prevê uma redução de 6,3% na produção estadual, mesmo com o aumento da área plantada.
No Paraná, os moinhos ainda demonstram cautela quanto à qualidade da nova safra e seguem optando pelo trigo importado, com cotações entre R$ 1.500 e R$ 1.520 CIF. Os preços da nova safra local estão entre R$ 1.400 e R$ 1.450 CIF, representando uma alta de 18,4% frente ao ano anterior. Apesar disso, os preços pagos aos produtores recuaram 0,36% na última semana, com média de R$ 77,14 por saca. A margem de lucro ficou ajustada em 4,91%, ainda positiva.
Produção nacional deve cair, mas preços continuam em baixa
Enquanto o mercado interno enfrenta um cenário de pressão, a safra mundial de trigo caminha para um novo recorde na temporada 2025/26. No Brasil, por outro lado, a produção deve registrar queda. Segundo levantamento da Conab, a estimativa nacional foi reduzida para 7,81 milhões de toneladas, 4,6% inferior à projeção anterior e 0,9% abaixo da safra passada (7,89 milhões de toneladas).
Essa redução decorre, principalmente, da diminuição de 16,5% na área plantada, que agora está estimada em 2,55 milhões de hectares. Conforme avaliação do Cepea, esse cenário deve levar a um aumento nas importações de trigo entre agosto de 2025 e julho de 2026 para suprir a demanda interna.
Mesmo diante da perspectiva de menor oferta no país, os preços internos do trigo em grão seguem em queda, pressionados pela valorização do real frente ao dólar e pela retração dos preços internacionais.
Apesar da previsão de queda na produção nacional, o mercado brasileiro de trigo permanece pressionado, com pouca liquidez, estoques altos e preços em queda. A combinação entre a forte colheita global e a baixa demanda interna impede uma valorização no curto prazo, mantendo os produtores atentos à movimentação do câmbio e das importações nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio