Mistura B15 entra em vigor em agosto com investimentos bilionários e expectativa de geração de empregos

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Adoção do B15 impulsiona economia e sustentabilidade

A partir de 1º de agosto, o Brasil passa a adotar oficialmente a mistura de 15% de biodiesel no diesel convencional, conhecida como B15. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a nova mistura deve atrair R$ 5,2 bilhões em investimentos, gerar mais de 4 mil empregos diretos e indiretos, reduzir a dependência de diesel importado e cortar a emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO₂ equivalente por ano.

Esses benefícios foram debatidos na 14ª edição da série de lives “Conexão SCA Brasil”, transmitida ao vivo pelos canais da SCA Brasil no YouTube e no LinkedIn, com a participação de especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e representantes do setor.

Produção nacional pode absorver demanda adicional

Segundo Filipe Cunha, head de biodiesel da SCA Brasil, a introdução do B15 poderá adicionar cerca de 1 bilhão de litros à produção nacional, que em 2024 já deve alcançar 9,3 bilhões de litros. Ele destacou que o país possui soja suficiente para atender à demanda, lembrando que 74% da produção de biodiesel brasileira utiliza essa oleaginosa como matéria-prima.

Impactos positivos à saúde e ao meio ambiente

O professor Donato Aranda, da UFRJ e consultor técnico da Ubrabio, ressaltou os benefícios do uso do biodiesel na qualidade do ar urbano. Citando estudos da USP, ele apontou que o uso do B10 já evitava 240 mortes por ano por doenças respiratórias e cardiovasculares — número que deve subir para 348 mortes evitadas com a implementação do B15.

A professora Suzana Borschiver, também da UFRJ, destacou que o B14, utilizado até julho, já evitou a emissão de 5 milhões de toneladas de CO₂ e a importação de 2,4 bilhões de litros de diesel fóssil por ano.

Riscos externos e desafios na cadeia da soja

Fatores externos também foram abordados. Cunha alertou que a possível intensificação da guerra comercial entre EUA e China pode redirecionar a compra de soja chinesa para o Brasil, reduzindo a oferta interna para esmagamento e produção de óleo.

Além disso, as margens apertadas no processamento da soja podem antecipar a manutenção das indústrias e desacelerar o ritmo de produção, reduzindo a oferta de óleo. Ainda assim, Cunha acredita que, com uma safra estimada em 170 milhões de toneladas de soja para 2024/25, não há risco de desabastecimento do B15.

Caminho aberto para o B20 até 2030

Os especialistas foram unânimes ao apontar que a adoção do B15 abre caminho para o B20 até 2030, conforme previsto na Lei do Combustível do Futuro. A norma prevê que o teor de biodiesel adicionado ao diesel poderá aumentar 1% ao ano, desde que haja comprovação técnica de viabilidade.

Donato Aranda citou exemplos internacionais bem-sucedidos, como os Estados Unidos, que usam B20 há mais de uma década, e a Indonésia, que já opera com B35 e planeja chegar ao B40. Ele reforçou que o biodiesel brasileiro possui elevada qualidade técnica, com menor umidade e maior estabilidade oxidativa.

Suzana Borschiver complementou que, além da soja, o Brasil dispõe de outras fontes potenciais para produção de biodiesel, como canola, girassol, dendê, macaúba e algodão, embora estudos mais aprofundados ainda sejam necessários para viabilizar o B20.

Papel do biodiesel na transição energética e na bioeconomia

Borschiver destacou que o biodiesel, junto com outros biocombustíveis como etanol, SAF (combustível sustentável de aviação), biogás e biometano, é peça-chave na transição energética brasileira. O Brasil, onde 48,4% da energia é renovável, figura entre os líderes globais em investimentos em bioeconomia, com US$ 34,8 bilhões aplicados em 2023, segundo a Bloomberg.

Ela também mencionou a glicerina, subproduto do biodiesel, como insumo estratégico para a indústria química, com potencial para reduzir o déficit comercial de US$ 48 bilhões, por meio da substituição de insumos importados em setores como combustíveis e plásticos.

Fiscalização será essencial para garantir integridade do B15

A implementação do B15 exige reforço na fiscalização, diante do risco de adulterações na mistura. A professora Borschiver defendeu o uso de tecnologia, como o espectrofotômetro, para verificar rapidamente o teor de biodiesel nos postos.

Filipe Cunha complementou que, antes da adoção dessa ferramenta, as análises levavam até sete dias para serem concluídas, o que permitia a comercialização do produto irregular antes da autuação.

Na quarta-feira (2), entidades do setor doaram cinco espectrofotômetros à ANP para apoiar a fiscalização do B15 e também do etanol adicionado à gasolina. A iniciativa contou com apoio da Ubrabio, Instituto Combustível Legal (ICL), Sindicom, Abiove e Aprobio.

Evento contou com especialistas e apoio institucional

A live da série “Conexão SCA Brasil” foi apresentada pelo jornalista Adhemar Altieri, da MediaLink Comunicação Corporativa, com produção técnica da Propano Filmes, reunindo especialistas e representantes do setor de biocombustíveis em uma análise aprofundada sobre os impactos e perspectivas do B15 no Brasil.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio