Renovação em marcha
No Vale do Cerrado Mineiro, o café vai além da produção agrícola: é um patrimônio cultural que se fortalece graças à entrada de jovens produtores. Na Expocacer — cooperativa que reúne mais de 700 cafeicultores — a sucessão virou tema estratégico.
“Trazer a nova geração garante o futuro dos cooperados e preserva o legado da região”, resume Simão Pedro de Lima, diretor‑presidente da cooperativa.
Desafio da continuidade
Dados preocupantes: estudo da Fundação Dom Cabral e JValério mostra que 80 % das empresas rurais ainda são lideradas pelos fundadores; só 41 % chegam à segunda geração e menos de 1 % alcançam a quarta.
Cenário local diferente: no Cerrado Mineiro, a cultura do planejamento sucessório é mais forte, o que estimula o interesse dos herdeiros pelo negócio.
Dois percursos, um mesmo propósito
- Gustavo Ribeiro
- Cresceu na fazenda e hoje comanda uma gestão profissional e orientada por dados.
- Investe em irrigação inteligente, processos digitais e manejo regenerativo reconhecido no exterior.
- Enfatiza o “respeito entre gerações” como chave para uma transição harmoniosa.
- Alan Michel Batista
- Voltou ao campo após a perda do pai, interrompendo a faculdade de Educação Física.
- Com apoio da mãe, implementou práticas que dobraram a produtividade: captação de água da chuva, cobertura de solo, biológicos e “protetor solar” nas plantas.
- Resume a nova mentalidade: “Tecnologia e sustentabilidade caminham juntas”.
Um novo olhar sobre o campo
- Ambos concordam que a juventude traz:
- Maior abertura à inovação tecnológica
- Compromisso com sustentabilidade real
- Preparação para enfrentar mudanças climáticas
Gustavo destaca que práticas regenerativas já eram adotadas, mas hoje ganham evidência graças aos dados. Alan ressalta a busca por fontes renováveis e manejo sustentável como diferencial competitivo.
Papel da cooperativa
A Expocacer oferece:
- Capacitação e assistência técnica
- Programas Teens do Café e Elas no Café, que estimulam a participação de jovens e mulheres.
- Cursos de Preparação de Sucessores (parceria Sebrae): cinco meses de aulas focadas em gestão, técnica e propósito.
“Quando mostramos que a cafeicultura envolve automação, inteligência de mercado e práticas sustentáveis, despertamos um novo interesse nos jovens”, afirma Simão Pedro.
Futuro conectado
Para a cooperativa, o caminho da cafeicultura passa por:
- Digitalização dos processos
- Sustentabilidade comprovada por métricas
- Envolvimento ativo das famílias
Desafios existem — alinhamento de visões e espaço para novas ideias —, mas são vistos como etapas naturais de evolução.
Entre tradição e tecnologia, coragem e inovação, a sucessão familiar consolida uma cafeicultura mais profissional, regenerativa e promissora no Cerrado Mineiro — um modelo de desenvolvimento regional que nasce na lavoura e floresce no futuro.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio