Produtores de milho devem adiar vendas em julho diante de cenário volátil e expectativa de alta no segundo semestre

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Julho não é o melhor momento para vender milho, alerta análise

A TF Agroeconômica recomenda cautela aos produtores de milho neste mês de julho. Historicamente, este é considerado o pior período do ano para realizar vendas do cereal, e a orientação é clara: evitar negociações neste momento.

Contudo, para aqueles que precisam vender por compromissos financeiros, a sugestão é adotar uma estratégia de proteção na Bolsa (B3) — convertendo o volume vendido fisicamente em contratos de compra —, visando mitigar possíveis perdas diante das prováveis valorizações no segundo semestre, quando os estoques internos começam a se reduzir.

Diversos fatores indicam alta nos preços para os próximos meses:

  • Acordo entre Estados Unidos e Vietnã, importante importador de ração animal, impulsionou os preços do milho na Bolsa de Chicago;
  • Retorno das “retenciones” (impostos sobre exportação) na Argentina, reduzindo a competitividade do milho argentino;
  • Novas vendas de milho americano para destinos não revelados;
  • Boas condições do milho dos EUA nos últimos relatórios do USDA;
  • Aumento da mistura de etanol de milho na gasolina brasileira, passando de E27 para E30, o que tende a elevar a demanda doméstica, mesmo com uma safra maior, segundo a Conab.
Cotações futuras recuam na volta do feriado nos EUA

Nesta segunda-feira (7), tanto os mercados futuros do milho nos Estados Unidos quanto na B3 abriram em baixa.

Na Bolsa Brasileira (B3), os contratos apresentavam variações mistas por volta das 9h56 (horário de Brasília):

  • Julho/25: R$ 61,94 (+0,02%)
  • Setembro/25: R$ 61,85 (-0,35%)
  • Novembro/25: R$ 66,33 (-0,18%)
  • Janeiro/26: R$ 71,61 (-0,06%)

No mercado internacional, os preços registravam recuos de dois dígitos:

  • Julho/25: US$ 4,19 (-12,5 pts)
  • Setembro/25: US$ 4,08 (-12,25 pts)
  • Dezembro/25: US$ 4,24 (-12,5 pts)
  • Março/26: US$ 4,40 (-12,25 pts)

De acordo com o Successful Farming, os grãos recuaram com força após o feriado do Dia da Independência nos EUA. O motivo é o clima favorável nas principais áreas produtoras de milho e soja, como Iowa e Illinois. Apenas 5,6% da região analisada apresentava seca em 1º de julho — queda significativa em relação aos 28% de três meses atrás.

Preços físicos se aproximam dos contratos futuros, mas mercado segue travado em algumas regiões

O mercado físico de milho no Brasil está cada vez mais alinhado às cotações da B3, segundo análise da TF Agroeconômica. A ausência da Bolsa de Chicago na última semana e a leve oscilação do dólar contribuíram para movimentos modestos.

Na B3, o contrato de setembro/25 encerrou a R$ 62,22, valor próximo à média Cepea de R$ 64,05 — sinalizando possível estabilização dos preços no curto e médio prazo.

Rio Grande do Sul:

O mercado permanece travado. Compradores oferecem até R$ 69,00 por saca, mas os produtores resistem a vender. Cerca de 80% da safra já foi comercializada, e o abastecimento atual depende de milho importado de outros estados e do Paraguai. A logística segue complicada devido ao estado de emergência em mais de 260 municípios, afetando o escoamento e trazendo incertezas para o próximo plantio.

Santa Catarina:

A estiagem no Oeste do estado reduziu em 16,5% a estimativa de safra, provocando desequilíbrio entre oferta e demanda. As cotações variam de R$ 62,00 a R$ 85,00/saca, mas as negociações seguem paradas. A escassez já pressiona os setores de suinocultura e avicultura, com perdas estimadas em R$ 450 milhões causadas pelo clima adverso.

Paraná e Mato Grosso do Sul:

A colheita da segunda safra avança lentamente, afetada por geadas e excesso de umidade.

  • Paraná: Apenas 16% da área colhida até 1º de julho, com maiores perdas nas lavouras de plantio tardio.
  • MS: Produtividade estimada em 80,8 sc/ha e produção projetada em 10,2 milhões de toneladas, mas a comercialização está lenta, à espera de maior clareza sobre os impactos do clima e o comportamento dos preços.
O momento é de cautela e planejamento

Diante de um mercado volátil e com múltiplos fatores influenciando os preços — tanto no Brasil quanto no exterior —, produtores que puderem esperar encontrarão melhores oportunidades de venda no segundo semestre. Já os que precisarem negociar agora devem considerar estratégias de proteção para evitar perdas. A palavra de ordem neste momento é planejamento.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio