Anúncio da tarifa surpreende mercado
O mercado de café brasileiro viveu uma semana de grande agitação após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar na noite de 9 de julho a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, válida a partir de 1º de agosto. O café, um dos principais produtos afetados, é especialmente sensível, já que os EUA são os maiores consumidores do mundo, consumindo mais de 24 milhões de sacas ao ano, e são o principal destino das exportações brasileiras da bebida.
EUA lideram importações, mas há queda nas compras em 2025
De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os Estados Unidos continuam na liderança das importações brasileiras, com 2,874 milhões de sacas até o fim de maio de 2025. Esse volume representa 17,1% do total exportado pelo Brasil, mas indica uma queda de 17,4% em relação ao mesmo período de 2024. No ano passado, os EUA importaram mais de 8 milhões de sacas do Brasil.
Reação imediata das cotações no mercado internacional
Logo após o anúncio, o café arábica registrou alta na Bolsa de Nova York, refletindo preocupações sobre o impacto nas exportações para os EUA. Por outro lado, o café robusta/conilon caiu fortemente em Londres na quinta-feira, já que os EUA não importam robusta brasileiro em volume significativo e o mercado global desse tipo de café apresenta oferta mais confortável.
Especialistas apontam necessidade de ajustes e busca por novos mercados
O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, destaca que o Brasil poderá redirecionar parte do café destinado aos EUA para outros mercados, mas isso exigirá um grande reajuste nas exportações. “Os EUA precisarão do café brasileiro, dado o peso do Brasil no mercado, mas a compra certamente diminuirá”, avalia. Ele também observa a importância de verificar se concorrentes do Brasil sofrerão tarifas similares, como o Vietnã, que atualmente paga 20% de imposto sobre o robusta exportado.
Setor brasileiro espera negociação e bom senso
Marcos Matos, diretor geral do Cecafé, reforça que a tarifa de 50% é uma notícia difícil para o país e que é fundamental buscar uma agenda de negociações. Ele lembra que o impacto não afeta apenas o café, mas toda a cadeia de produtos exportados para os EUA, gerando prejuízos para empresas brasileiras e aumento de custos e inflação para os consumidores norte-americanos.
Importância da negociação e precedentes internacionais
Matos destaca casos recentes de negociação de tarifas entre os EUA e outros países, como México, Canadá, Vietnã e Indonésia, onde valores foram reduzidos após acordos. “Precisamos de negociadores experientes para tratar esse tema de forma pragmática, garantindo benefícios ao comércio”, diz. Ele também cita o trabalho do Cecafé em parceria com o governo brasileiro e entidades americanas para apresentar os efeitos negativos da tarifa e buscar soluções.
Impactos potenciais e perspectivas para o setor
O diretor do Cecafé conclui que a manutenção da tarifa de 50% prejudicaria o fluxo comercial, a indústria e o desenvolvimento tanto dos países produtores quanto consumidores. “Estamos empenhados em construir uma agenda positiva para garantir condições mais justas e adequadas para o comércio de café entre Brasil e Estados Unidos”, finaliza Matos.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio