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Tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros pode causar perdas bilionárias e reduzir investimentos, alerta especialista

Impacto imediato nas exportações brasileiras

A tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros importados, que entra em vigor em 1º de agosto, pode gerar perdas anuais entre US$ 12 bilhões e US$ 17 bilhões (R$ 70 a 100 bilhões) nas exportações brasileiras. Segundo Rogério Marin, especialista em comércio exterior e CEO da Tek Trade, essa medida — considerada uma “tarifa política” — representa entre 3,6% e 5% das exportações totais do país e pode provocar redução de até 42% nas vendas brasileiras para os EUA.

Consequências para emprego e PIB

De acordo com a métrica adotada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o impacto dessa tarifa pode causar a perda de 432 mil a 612 mil empregos no Brasil. Além disso, o efeito negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é estimado entre 0,6% e 0,8% ao ano.

Tarifa política e setores mais afetados

Marin destaca que, ao contrário dos argumentos do governo americano, o Brasil não pratica “comércio injusto”. A tarifa deve afetar principalmente a indústria de transformação, responsável por 78,3% das exportações brasileiras para os EUA. Entre os setores mais prejudicados estão petróleo, aço, aeronaves, café e carne bovina. Só o aço e o alumínio podem sofrer queda superior a 11,2% nas exportações, o que equivale a US$ 1,5 bilhão, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Competitividade e concorrência internacional

Com a tarifa, os produtos brasileiros ficam até US$ 20,15 bilhões mais caros por ano para os consumidores norte-americanos, reduzindo sua competitividade frente a fornecedores do México, Canadá e outros países.

Risco ao investimento estrangeiro direto (IED)

Além das exportações, o especialista alerta para o impacto sobre o Investimento Estrangeiro Direto, onde os EUA respondem por mais de 25% do estoque no Brasil, cerca de US$ 300 bilhões. Marin ressalta que a redução no IED comprometeria a modernização da infraestrutura e afetaria setores estratégicos como tecnologia, automotivo e energia, impactando o PIB e o mercado de trabalho. Ele reforça a necessidade de uma solução diplomática para evitar prejuízos maiores.

Repercussões no mercado interno

A dificuldade em exportar produtos como o café, principal alimento vendido aos EUA, pode levar à queda de preços no mercado interno brasileiro, devido ao excesso de oferta e dificuldades para direcionar o produto a outros mercados.

Efeitos regionais na Região Sul

A Região Sul, responsável por quase 30% das exportações brasileiras aos EUA, pode sofrer perdas entre US$ 1,6 bilhão e US$ 2,3 bilhões anuais (R$ 9 a 13 bilhões). Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul seriam os mais afetados, com perda estimada de 50 mil a 70 mil empregos e impacto no PIB regional entre 0,7% e 1%.

  • Santa Catarina: perdas podem chegar a US$ 700 milhões, principalmente nos setores de carnes de aves e suína, motores elétricos e móveis.
  • Paraná: impacto estimado em US$ 2,3 bilhões, com redução de até 35% nas exportações, afetando agroindústria e indústria de transformação, especialmente soja e carnes de aves.
  • Rio Grande do Sul: pode perder até 30% das exportações para os EUA, equivalente a US$ 950 milhões, com destaque para os setores de químicos e carnes.

Marin ressalta que os efeitos variam conforme a dependência de cada estado em relação ao mercado norte-americano e à composição das exportações locais. A tarifa deve ampliar o déficit comercial da Região Sul com os EUA, que foi de US$ 0,9 bilhão em 2024, e impactar negativamente as cadeias produtivas locais.

Fonte: Rogério Marin, CEO da Tek Trade e presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior de Santa Catarina (SINDITRADE). Dados da Amcham Brasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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