O mercado físico do boi gordo no Brasil registrou queda nos preços ao longo da última semana, cenário que deve se manter no curto prazo. O movimento é influenciado principalmente pelo anúncio dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 50% sobre a carne bovina brasileira, além do aumento da oferta de animais confinados.
Impacto das tarifas americanas na competitividade do Brasil
Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, destaca que a tarifa adicional proposta pelos EUA compromete a competitividade do Brasil nesse mercado estratégico.
“Com essa medida, o Brasil deixa de ser competitivo para os Estados Unidos, e a indústria frigorífica já busca alternativas para suprir a ausência desse que é o segundo maior importador da carne bovina brasileira em 2025”, explica Iglesias.
Oferta maior e abates acelerados pressionam preços
Outro fator que pesa no cenário é a entrada no mercado de animais confinados, que reduz a capacidade do pecuarista de reter o boi gordo. A queda nos preços favoreceu os frigoríficos, que conseguiram ampliar as escalas de abate, atualmente fechadas entre 8 e 9 dias úteis.
- Preços da arroba do boi gordo nas principais praças (17 de julho)
- São Paulo (Capital): R$ 290,00, recuo de 1,67% frente a R$ 300,00 da semana anterior
- Goiás (Goiânia): R$ 280,00, queda de 3,45% em relação a R$ 290,00
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 285,00, baixa de 3,39% ante R$ 295,00
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 295,00, retração de 3,28% frente a R$ 305,00
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 300,00, queda de 4,76% em relação a R$ 315,00
- Rondônia (Vilhena): R$ 265,00, perda de 3,64% perante R$ 275,00
Queda também no mercado atacadista
No atacado, a tendência de queda se manteve, acompanhando o consumo mais lento registrado na segunda quinzena do mês.
“Além do consumo menor, a carne bovina perde competitividade frente a proteínas concorrentes, especialmente a carne de frango”, afirma Iglesias.
Os preços do quarto traseiro do boi recuaram 3,11%, sendo cotados a R$ 21,80 o quilo, contra R$ 22,50 da semana passada. Já o quarto dianteiro caiu 6,67%, para R$ 17,50 o quilo, ante R$ 18,75 anteriormente.
Exportações de carne bovina mantêm crescimento em julho
Apesar da pressão no mercado interno, as exportações brasileiras de carne bovina fresca, congelada e refrigerada apresentaram desempenho positivo em julho (9 dias úteis). O faturamento alcançou US$ 576,814 milhões, com média diária de US$ 64,090 milhões. O volume exportado chegou a 104,193 mil toneladas, média diária de 11,577 mil toneladas, e o preço médio da tonelada foi de US$ 5.536,00.
Comparado a julho de 2024, houve alta de 40,9% no valor médio diário, aumento de 12,2% na quantidade média diária exportada e avanço de 25,6% no preço médio por tonelada, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.
O cenário revela desafios para o mercado bovino brasileiro, com tarifas internacionais e dinâmica interna que podem influenciar preços e oferta no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio