Açúcar: excesso de oferta impede alta dos preços mesmo com demanda firme, avalia Hedgepoint

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Os preços do açúcar permaneceram estáveis na semana encerrada em 22 de agosto, depois de recuarem de um pico de dois meses. O impulso inicial havia sido sustentado por sinais de maior demanda no Paquistão, China e Estados Unidos, incluindo licitações de compra e aumento de importações chinesas, além de especulações sobre uso de cana pela Coca-Cola nos EUA.

No entanto, segundo análise da Hedgepoint Global Markets, a reação perdeu força, já que não houve mudanças significativas nos fundamentos do mercado.

Mercado segue pressionado pela oferta global

De acordo com Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, o sentimento permanece mais baixista em relação a temporadas anteriores, especialmente pela boa perspectiva de produção no Hemisfério Norte para 2025/26.

No Brasil, os dados mais recentes do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) apontaram produtividade inferior à de safras passadas, mas dentro da expectativa. A estimativa da Hedgepoint é de 605 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26, com produtividade acumulada de 75,9 t/ha, número próximo ao reportado pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Mix de açúcar no Brasil sustenta a produção

Apesar de uma queda no teor de ATR, a produção brasileira continua elevada. O último relatório da Unica mostrou novo recorde no mix de açúcar, que alcançou 54% na segunda quinzena de julho. Com isso, a produção do adoçante somou 3,6 milhões de toneladas, ajudando a reduzir o déficit da safra de 9,2% para 7,7% em comparação com a temporada 2024/25.

Índia e China devem influenciar o mercado

No cenário internacional, a Índia pode ampliar suas exportações, dependendo de decisões governamentais, após pedidos de cotas de até 2 milhões de toneladas.

Já a China deve manter uma demanda mais forte, mesmo com produção doméstica elevada. O Ministério da Agricultura revisou a projeção de importações para 2024/25 de 4,75 milhões para 5 milhões de toneladas. A Hedgepoint estima ainda 4,6 milhões de toneladas de açúcar bruto e ao menos 1 milhão de toneladas de xarope em equivalente de açúcar.

Projeções indicam superávit até 2026

Apesar da maior demanda chinesa, o mercado deve seguir pressionado pelo excesso de oferta. A Hedgepoint projeta um superávit superior a 2,5 milhões de toneladas entre o terceiro trimestre de 2025 e o terceiro trimestre de 2026.

Fatores sazonais, como a entressafra no Brasil e os baixos estoques de etanol, podem oferecer suporte pontual aos preços. Ainda assim, a expectativa é de que o excedente atenue qualquer movimento de recuperação mais consistente no início de 2026.

Fatores que podem alterar o cenário

A consultoria destaca que a tendência baixista só deve mudar se houver eventos inesperados, como:

  • Problemas climáticos no Hemisfério Norte ou incêndios no Centro-Sul do Brasil, que prejudiquem a moagem.
  • Estabilidade macroeconômica, capaz de estimular investimentos em ativos de maior risco.
  • Demanda adicional da China, sustentada por oportunidades de arbitragem e efeitos de déficits anteriores.
  • Estoques reduzidos de etanol no Brasil, que podem redirecionar cana para a produção do combustível, impactando a oferta de açúcar.

Por enquanto, esses fatores permanecem no campo das hipóteses e ainda não são considerados sinais concretos de uma virada no mercado.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio