Café tem forte valorização do robusta e volatilidade internacional com incertezas sobre oferta

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O mercado de café atravessa um período de intensas oscilações, tanto no cenário doméstico quanto nas bolsas internacionais. Enquanto o robusta registra forte valorização no Brasil, o arábica enfrenta movimentos de correção técnica no exterior, em meio a preocupações com a oferta global e condições climáticas adversas.

Robusta acumula alta de mais de 40% em agosto

De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq-USP), os preços do café robusta seguem em forte escalada. Até o dia 25 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, acumulava valorização expressiva de 43% no mês, encerrando a segunda-feira (25) a R$ 1.469,43 por saca de 60 kg.

Já o arábica, cuja colheita também está praticamente concluída, apresentou avanço de 26,3% em agosto, cotado a R$ 2.287,56/saca na capital paulista. Pesquisadores explicam que o movimento é reflexo dos estoques ajustados, perdas no beneficiamento e do volume limitado da safra nacional. Além disso, a aplicação de tarifas pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro tem aumentado a volatilidade no mercado.

Bolsas internacionais operam em direções opostas

Na manhã desta quinta-feira (27), os contratos futuros do café operavam em lados opostos nas bolsas internacionais. O arábica recuava moderadamente, enquanto o robusta avançava nos vencimentos mais próximos, segundo informações da Bloomberg.

A alta recente do arábica foi atribuída, em grande parte, a especuladores cobrindo posições vendidas, o que aumentou a volatilidade diante de baixos volumes de negociação. Já o Escritório Carvalhaes destacou que os operadores vêm ajustando expectativas diante de uma quebra maior na safra brasileira de arábica em 2025 e da persistência de fenômenos climáticos como secas, chuvas irregulares, geadas e granizo nas principais regiões produtoras.

No caso do robusta, analistas observam que a maior disponibilidade contrasta com a retenção de ofertas por produtores brasileiros, o que sustenta os preços no mercado futuro.

Às 9h30 (horário de Brasília), o arábica registrava baixa de 455 pontos no contrato de setembro/25, negociado a 379,50 cents/lbp, enquanto o vencimento de dezembro/25 recuava 310 pontos, para 369,20 cents/lbp. Já o robusta subia US$ 13 no contrato de setembro/25, a US$ 4.899/tonelada.

Nova York fecha em baixa com realização de lucros

Na terça-feira (26), a Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou as operações do café arábica em queda, após atingir os maiores patamares em quatro meses. O movimento foi atribuído a correções técnicas e realização de lucros, embora as perdas tenham sido limitadas pelas preocupações com a oferta.

Segundo o consultor Gil Barabach, da Safras & Mercado, o mercado apresentava sinais de sobrecompra, o que indicava espaço para ajustes. Apesar disso, permanecem as apreensões com a redução da safra brasileira de arábica, menor ritmo dos embarques e impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Outro fator de atenção é o clima seco nas regiões produtoras do Brasil, justamente no período que antecede as floradas, determinantes para a safra de 2026.

Na mínima do dia, o contrato dezembro/25 chegou a 363,90 cents/lbp, mas fechou a 372,30 cents/lbp, com baixa de 1,4%. Já o contrato para março/26 encerrou a 362,60 cents/lbp, queda de 1,5%.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio