O mercado de milho no Brasil segue marcado por incertezas, com preços internos estabilizados após semanas de queda, negociações lentas em diferentes estados e expectativa de valorização até o início de 2026. Enquanto vendedores resistem a baixar valores e compradores mantêm cautela, a força das exportações e a movimentação do câmbio têm dado sustentação às cotações.
Preços domésticos perdem força na queda
De acordo com o Cepea, a pressão baixista sobre o milho arrefeceu na última semana, mesmo com a colheita próxima do fim. Algumas regiões chegaram a registrar leves altas, impulsionadas pela valorização nos portos e pelo avanço do dólar, que elevou a competitividade do cereal brasileiro no mercado externo.
Muitos produtores preferem segurar a oferta, aguardando melhores oportunidades, enquanto compradores priorizam estoques já adquiridos. Esse cenário de equilíbrio tem limitado avanços mais expressivos nos preços internos.
Negociações travadas em estados produtores
O levantamento da TF Agroeconômica aponta que a comercialização segue lenta em diversos estados.
- Rio Grande do Sul: referências de compra variam entre R$ 65,00 e R$ 70,00/saca no interior, enquanto no porto o preço futuro para fevereiro/2026 está em R$ 70,00/saca.
- Santa Catarina: a diferença entre pedidas e ofertas mantém a liquidez baixa, com vendedores solicitando até R$ 80,00/saca em Campos Novos, contra ofertas de até R$ 70,00.
- Paraná: mesmo com safra recorde, produtores pedem até R$ 75,00/saca FOB, enquanto compradores resistem em pagar mais de R$ 70,00 CIF. Valores regionais variam de R$ 54,00 a R$ 66,90/saca.
- Mato Grosso do Sul: apesar de pequenas altas, os preços seguem entre R$ 45,00 e R$ 52,00/saca, ainda sem força para destravar os negócios.
Expectativa de alta até o início de 2026
O padrão sazonal do milho, em formato de “V”, aponta para uma tendência de recuperação nos preços até dezembro e janeiro, antes da pressão da safra de verão. Segundo a Conab, a área plantada de milho no Brasil deve encolher, reflexo dos preços baixos atuais. Caso a redução se confirme, os valores podem se manter em patamares mais altos no próximo ciclo.
No mercado internacional, o comportamento das exportações americanas e o clima no Meio-Oeste dos EUA também influenciam as cotações. Enquanto o USDA projeta uma safra de 425 milhões de toneladas nos EUA, a ProFarmer reduziu a estimativa para 411 milhões.
No Brasil, a AgResource estima exportações de até 7,88 milhões de toneladas em agosto, contra 5,43 milhões no mesmo período de 2024, reforçando a competitividade do país. Já a produção brasileira em 2025/26 pode alcançar 138,44 milhões de toneladas, segundo a consultoria, enquanto a Argentina deve colher 54,12 milhões.
Mercado futuro encerra semana em alta
Na B3, o contrato de setembro/25 fechou a R$ 66,16/saca, acumulando valorização de R$ 1,41 na semana. O contrato de novembro/25 subiu para R$ 69,45, enquanto janeiro/26 avançou para R$ 71,65/saca. No acumulado, o milho futuro no Brasil subiu 3% na semana, acima da valorização de 1,48% em Chicago e 1,25% do indicador Cepea.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços também avançaram, sustentados pela demanda pelo cereal americano, mas limitados pela expectativa de safra robusta. O contrato de setembro fechou em US$ 388,25, alta de 0,19%, enquanto dezembro recuou 0,06%, cotado a US$ 411,50. Ainda assim, no comparativo semanal, a alta foi de 1,17%.
Perspectivas
O mercado de milho deve seguir pressionado pela disputa entre vendedores, que buscam preços mais atrativos, e compradores, que resistem em elevar os valores. No entanto, o dólar firme, a força das exportações brasileiras e a perspectiva de redução de área plantada podem abrir espaço para ganhos mais consistentes até o início de 2026.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio