BUENOS AIRES (Reuters) – O presidente argentino ultraliberal, Javier Milei, foi forçado a abandonar uma carreata de campanha nos subúrbios de Buenos Aires nesta quarta-feira, depois que manifestantes atiraram objetos em seu carro.
O polêmico presidente liderava a carreata pelo distrito de Lomas de Zamora, ao sul de Buenos Aires, em campanha para as eleições de meio de mandato, quando um grupo que cantava contra o governo atirou garrafas e outros objetos contundentes contra ele, de acordo com uma testemunha da Reuters.
A mídia local mostrou que pedras também foram atiradas contra Milei, que realizou um feroz ajuste nos gastos públicos desde que assumiu o cargo em 2023, afetando principalmente aposentados, professores e médicos.
“Pedras caíram muito perto do presidente. A situação ficou muito violenta”, disse José Luis Espert, candidato a senador pelo A Liberdade Avança, que acompanhou Milei na caravana, à televisão local.
Imagens de televisão mostraram confrontos entre a polícia e manifestantes contrários ao presidente em um distrito há muito tempo governado pelo poderoso partido peronista. “Fora Milei”, mostravam cartazes de oposicionistas.
O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, disse no X que integrantes da oposição “atacaram” a comitiva presidencial e que não houve feridos.
Após o incidente, Milei publicou uma foto fazendo sinal de positivo ao lado da irmã e de um deputado, afirmando que a oposição “atira pedras vazias de ideias, recorrendo mais uma vez à violência”.
Várias pessoas próximas a Milei, incluindo sua irmã, estão envolvidas em um escândalo de corrupção relacionado a acusações de suborno na agência argentina para pessoas com deficiência.
O instituto de pesquisa local Synopsis registrou um aumento de 6 pontos percentuais, chegando a 54,2%, na imagem negativa de Milei entre os argentinos em agosto, em comparação com junho.
Milei busca uma vitória nas eleições legislativas de outubro para aprofundar seu projeto ultraliberal, que atualmente sofre forte oposição no Congresso.
As eleições terão em setembro uma prévia difícil para o partido governista, com a votação de meio de mandato na província de Buenos Aires, o maior centro de poder do peronismo de centro-esquerda, cujo resultado é incerto.
(Reportagem de Nicolás Misculin e Horacio Soria)