A Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá concluiu o inquérito que apura denúncias de violência psicológica, injúria, ameaça e lesão corporal praticadas por um fotógrafo contra a ex-namorada. O relatório final foi encaminhado ao Poder Judiciário no dia 16 de setembro e agora seguirá para análise do Ministério Público e da Justiça.
Segundo a delegada responsável, Vanessa Aguiar da Cunha Garcez, os depoimentos colhidos durante a investigação foram consistentes e corroborados por outros elementos de prova, como conversas de WhatsApp e o Formulário Nacional de Avaliação de Risco, utilizado para identificar situações de vulnerabilidade em casos de violência doméstica.
O relatório aponta que a conduta do investigado teria causado dano emocional à vítima, caracterizando indícios de violência psicológica, injúria e agressões físicas. As acusações estão fundamentadas nos artigos 147-B e 140 do Código Penal, no artigo 21 da Lei de Contravenções Penais e no artigo 7º da Lei Maria da Penha.
O documento também afasta a tese de que as medidas protetivas teriam perdido validade em razão de uma tentativa de reconciliação. “Em matéria de medidas protetivas de urgência, não se pode presumir a desistência ou a revogação tácita com a reconciliação do casal”, destacou a decisão.
Caso seja denunciado e condenado, o fotógrafo poderá responder criminalmente e ainda ser obrigado a pagar indenização por danos morais
Relatos apontam padrão de comportamento abusivo
As denúncias ganharam repercussão entre julho e agosto deste ano, quando ex-namoradas decidiram romper o silêncio e relataram episódios de agressões físicas, humilhações e perseguições.
Segundo os relatos, o fotógrafo controlava a rotina das mulheres, restringia contatos pessoais e utilizava ofensas constantes como forma de fragilizar emocionalmente as vítimas. Algumas delas também relataram o uso de drogas e álcool, fatores que, segundo as denunciantes, intensificavam os episódios de violência.
O padrão de comportamento descrito inclui isolamento social, manipulação psicológica e ataques à autoestima, elementos característicos do ciclo de violência doméstica.
A repercussão do caso encorajou novas mulheres a apresentarem denúncias semelhantes, que seguem em investigação pelas autoridades. Os relatos reforçam a suspeita de um possível “modus operandi” marcado pela repetição de abusos e pela manutenção das vítimas em situação de medo e silêncio por longos períodos.