Derrota de Milei nas urnas e a dúvida sobre a governabilidade

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O presidente argentino Javier Milei em cerimônia do Dia da Bandeira Nacional em Buenos Aires, Argentina (Foto: Cristina Sille/Reuters)

Os eleitores da província de Buenos Aires, a maior da Argentina, deram ampla vitória ao principal opositor do governo Milei, o peronismo. Milei foi derrotado na que é a maior província do país e que representa quase 40% do eleitorado nacional. Ao participar ativamente da campanha, ele nacionalizou uma eleição que seria provincial. 

Na campanha, foi quando ele e a irmã, Karina, quase levaram uma pedrada durante uma carreata no interior da província. Eles foram tirados às pressas do local. No dia seguinte, em outro ato de campanha, Karina também foi retirada pelos seguranças em meio enquanto eleitores gritavam “corrupta”. Play Video

A votação deste domingo (7) foi realizada para renovar parte da Assembleia Legislativa, com a eleição de 46 deputados e 23 senadores, além de vereadores e de conselheiros escolares. Mas foi, principalmente, uma prova para Milei de que sua popularidade, como apontam as pesquisas, vai mal. 

Com 86% das mesas apuradas, até às 21h40, Força Pátria (peronismo/kirchnerismo) contava com 46,9% dos votos e A Liberdade Avança (LLA), de Milei, registrava 33,8%. A diferença de 13% surpreendeu até setores de peronismo. No governo, por sua vez, esperavam uma derrota ou até um empate técnico, mas o resultado avassalador. 

Nesta noite de domingo, após os resultados oficiais, vários analistas destacavam um ponto crucial: como será a governabilidade na Casa Rosada? Surgem outras perguntas: Milei realizará mudanças em seu governo? Ele chama sua irmã de “o” chefe. Ela é a secretária-geral da Presidência e foi citada, há poucos dias, em áudios em um suposto esquema de propinas. Ele vai demitir ‘o’ chefe? 

Quando surgiram novos áudios, com a voz da própria Karina, o governo entrou na Justiça e impediu que a imprensa os divulgara. O gesto do governo foi lido como censura. Mas além dos escândalos, Milei tem colecionado derrotas no Congresso Nacional. 

Ele foi eleito com duas ‘bandeiras’: o combate à corrupção e a “liberdade” econômica. Na semana passada, o Banco Central realizou intervenções para conter a alta do dólar – moeda tão apreciada pelos argentinos. E, assim, a coluna vertebral do seu discurso foi afetada. 

Em outubro serão realizadas eleições nacionais para renovar parte do parlamento. Estas eleições costumam ser vistas como um plebiscito ao governo. São realizadas na metade do mandato presidencial. 

Nas últimas horas, Milei intensificou seu discurso de ódio. Chamou o kirchnerismo de “porcos imundos” e atacou com mais veemência ainda o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, o grande vitorioso desta noite de domingo, e renovou seus embates contra a ex-presidenta Cristina Kirchner. 

Ela tem respondido em suas redes sociais. Assim que saíram os primeiros resultados oficiais, a ex-presidenta comemorou, diante de apoiadores, acenando da varanda do apartamento onde cumpre prisão domiciliar. Com uma blusa branca com um coração vermelha, sorria. Estava visivelmente feliz.

Fonte: Brasil 247