Megaoperação desta terça-feira, 28, é a mais letal do Rio desde 2021

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos Complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da cidade Rio de Janeiro, foi considerada a maior em 15 anos, com a mobilização de 2,5 mil policiais civis e militares para prender lideranças criminosas e impedir o fortalecimento da facção criminosa Comando Vermelho. 

A ação também foi a mais letal, superando os números da operação no Jacarezinho, em 2021, classificada como uma chacina, quando 28 pessoas foram mortas. Na operação desta terça, pelo menos 64 pessoas morreram, com 75 baleadas.

Entre os mortos estão dois policiais civis e dois militares. A Polícia Civil pediu, por meio das redes sociais, doações de sangue para os agentes atingidos.

Mais de 100 pessoas foram presas, muitas delas integrantes de uma facção criminosa do Pará, no norte do país, que estavam escondidas no Rio. Pelo menos 70 fuzis, além de pistolas e granadas, foram apreendidos.

Várias ocorrências policiais interditaram diversas ruas das zonas Norte, Oeste e Sudoeste da cidade. Por isso, o município entrou em estágio 2 de atenção, que sinaliza risco de ocorrências de alto impacto.

Vias no entorno dos complexos do Alemão, Penha, Chapadão, São Francisco Xavier, na Zona Norte, Freguesia e Taquara, na Zona Sudoeste, além da BR 101, em São Gonçalo, na região metropolitana da capital, foram bloqueadas com barricadas pelo tráfico em represália às ações. 

Além disso, os bandidos colocaram fogo em vias estratégicas, como a Grajaú-Jacarepaguá, que liga a Zona Norte à Zona Sul, além de lançarem drones em comunidades do Alemão. O policiamento foi reforçado nas ruas e rodovias da cidade.

Segundo a Rio Ônibus, concessionária responsável pelo serviço de transporte coletivo do município, mais de 120 linhas tiveram os itinerários alterados.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, cobrou maior apoio público diante da escalada de violência no estado.

“Essa é um é uma guerra que está passando os limites de onde o estado deveria estar sozinho defendendo. E nós deveríamos ter um apoio muito maior, talvez até nesse momento até de forças armadas. Porque essa é uma luta que já extrapolou toda a ideia de segurança pública. Não é mais só a responsabilidade do estado. O estado está fazendo a sua parte sim”.

Por causa da megaoperação, cerca de 50 escolas suspenderam as aulas. As atividades também foram suspensas em diversas instituições de ensino, entre elas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj informou, em nota, que acompanha “com extrema preocupação a escalada de violência provocada pela megaoperação” e que vai enviar ofício ao Ministério Público e as polícias Civil e Militar cobrando explicações sobre as circunstâncias da ação.

A operação teve ampla repercussão nacional e internacional, em jornais como Reuters e El País.

Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, desde 2023, atua no estado do Rio por meio da Força Nacional de Segurança Pública e que tem atendido a todos os pedidos do Governo do Estado. A nota destaca que, somente em 2025, a Polícia Federal realizou mais de 178 operações no estado, com mais de 200 prisões.

*Com informações da Agência Brasil