Trump e países árabes assinam acordo no Egito que dá garantias a cessar-fogo em Gaza

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprimenta o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em Sharm el-Sheikh, no Egito Foto: Evan Vucci/ AP

SHARM EL-SHEIKH- O presidente dos Estados UnidosDonald Trumpassinou um documento de cessar-fogo na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 13, junto com os países que contribuíram para mediar a trégua: EgitoCatar e Turquia. O republicano disse que o acordo coloca os países como garantidores do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

“O documento vai definir regras e regulamentos e muitas outras coisas”, disse Trump antes de assiná-lo.

A assinatura do documento foi feita durante uma cúpula com diversos líderes mundiais em Sharm el-Sheikh, no Egito, que foi convocada por Washington e Cairo para avançar as discussões sobre as próximas fases do plano de paz de Trump.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito Foto: Saul Loeb/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa durante uma cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito Foto: Saul Loeb/AFP

Antes do início da cúpula, o presidente egípcio Abdel Fatah Al-Sissi disse que Trump era o “único” capaz de trazer paz à região. Israel e Hamas foram pressionados pelos Estados Unidos, países árabes e Turquia a concordarem com a primeira fase do cessar-fogo. A trégua começou na sexta-feira, 10.

Mas permanecem grandes questões sobre o que acontecerá a seguir, com temores de um possível retorno à guerra. O encontro reflete a vontade internacional de dar sequência ao acordo.

Mais de 20 líderes mundiais participaram da cúpula, incluindo o rei Abdullah da Jordânia, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, o emir do Catar Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, o presidente da França Emmanuel Macron, o primeiro-ministro do Reino Unido Keir Starmer e o chanceler da Alemanha Friedrich Merz.

Israel e Hamas não têm contatos diretos e não era esperado que comparecessem. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não participou do evento por conta de um feriado judaico. Já o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, compareceu e cumprimentou Trump.

Israel rejeitou que a AP assumisse qualquer papel em Gaza, mas o plano do presidente americano prevê que uma entidade palestina revitalizada pudesse assumir o controle do território no futuro.

Mais cedo, o presidente americano esteve em Israel e discursou no Parlamento israelense. Pela manhã, os últimos 20 reféns israelenses vivos foram libertados pelo Hamas. Israel também libertou 2 mil prisioneiros palestinos por conta do acordo.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito Foto: Evan Vucci / AP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito Foto: Evan Vucci / AP

Um novo Oriente Médio

O gabinete do presidente egípcio afirmou que a cúpula tinha como objetivo “encerrar a guerra” em Gaza e “inaugurar uma nova página de paz e estabilidade regional” de acordo com a visão de Trump.

Al-Sissi disse que a proposta de paz de Trump para o Oriente Médio representa a “última chance” para a paz na região. O líder egípcio também disse que é preciso implementar a solução de dois Estados, com a criação de um Estado palestino ao lado de um israelense.

O plano de Trump prevê uma possível criação de um Estado palestino, mas somente após um longo período de transição em Gaza e um processo de reforma da Autoridade Palestina. Netanyahu é contra a criação de um Estado palestino.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprimenta a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Sharm el-Sheikh Foto: Yoan Valat/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprimenta a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Sharm el-Sheikh Foto: Yoan Valat/AFP

Antes da reunião, o chanceler do Egito, Badr Abdelatty, disse que era crítico que Israel e Hamas implementassem integralmente a primeira fase do acordo de cessar-fogo para que as partes, com apoio internacional, pudessem começar as negociações sobre a segunda fase.

Abdelatty afirmou que o sucesso da visão de Trump para a paz no Oriente Médio dependeria de seu compromisso contínuo com o processo, incluindo exercer pressão sobre as partes e destacar forças militares como parte de um contingente internacional esperado para realizar funções de manutenção da paz na próxima fase.

Desafios

A próxima fase do acordo terá que lidar com o desarmamento do Hamas, a criação de um governo pós-guerra para Gaza e o gerenciamento da extensão da retirada de Israel do território. O plano de Trump também estipula que parceiros regionais e internacionais trabalharão para desenvolver o núcleo de uma nova força de segurança palestina.

Abdelatty apontou que a força internacional precisa de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para endossar seu desdobramento. O chanceler do Egito disse que o Hamas não terá nenhum papel no período de transição em Gaza. Um comitê de 15 membros de tecnocratas palestinos, sem vínculos com nenhum grupo palestino e aprovados por Israel, governará os assuntos do dia a dia em Gaza. O comitê receberia apoio e supervisão de um “Conselho de Paz” proposto por Trump para supervisionar a implementação das fases de seu plano, disse Abdelatty.

Outra questão importante é arrecadar fundos para a reconstrução de Gaza. O Banco Mundial e o plano pós-guerra do Egito estimam que as necessidades de reconstrução e recuperação em Gaza estejam em US$ 53 bilhões. O Egito planeja sediar uma conferência de recuperação inicial e reconstrução para Gaza em novembro.

/com AP