
O domingo foi marcado por fé, emoção e solidariedade em Rio Bonito do Iguaçu, no Oeste do Paraná, município que ainda tenta se reerguer depois do tornado que deixou ao menos seis mortos, entre eles uma adolescente de 14 anos.
Segundo a Defesa Civil, 784 pessoas foram atendidas e cerca de 10 mil foram afetadas pela força do vento, que destruiu casas, arrancou telhados e deixou famílias inteiras sem ter para onde ir.
Mas, em meio à dor, o que se viu foi um povo unido. A igreja matriz, símbolo da fé e do coração da cidade, se transformou em um grande ponto de esperança. Desde cedo, chegavam carros, caminhonetes e caminhões carregados de doações, alimentos, roupas, colchões, tudo o que pudesse aliviar o sofrimento de quem perdeu tanto. Voluntários se revezavam na organização dos donativos, enquanto outros se dedicavam a acolher quem precisava de uma palavra amiga ou simplesmente de um abraço.
O templo que sempre foi palco de missas, cerimônias e festividades, está cheio de doações. A missa da manhã foi celebrada em frente à igreja pelo padre Cristian dos Santos Jardim.
Com voz serena, o padre falou sobre fé e esperança, lembrando o significado do domingo da ressurreição. “O nosso povo veio à missa, muitos emocionados, refletimos bastante… Mas o povo mostrando fé. Ainda existe esperança no coração de cada um e de cada um desses nossos filhos e filhas que Deus tanto nos ama”, disse o padre.
Ele também recordou o instante em que o tornado atingiu a cidade, enquanto se preparavam para o crisma dos adolescentes. “Nesse momento, os adolescentes se ajoelharam, começaram a rezar e o povo segurava as portas, porque o vento foi muito forte. E assim a tormenta foi começando a diminuir.”
Tornado destruiu boa parte da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, deixando ao menos seis mortos, mais de 800 feridos e um rastro de destruição. Foto: Rubens Anater/Estadão
Para o padre, mais do que doações, as pessoas agora precisam de acolhimento. “Quando eles vêm abraçar o padre, eles querem um abraço de um pai. O padre é o pastor, o bom pastor, aquele que guarda e protege as suas ovelhas.”
Entre lágrimas e escombros, a tristeza começa a dar lugar ao trabalho de reconstrução. “Nós queremos reerguer essa comunidade, com a graça e a providência de Deus, porque esse lugar é dele. Agora, as pessoas precisam de um colo de pai… é isso que eu sinto e é isso que eu preciso dar neste momento tão especial e doloroso”, finalizou o padre Cristian.
No começo da noite de sexta-feira, 7, um tornado de mais de 250 km/h – apontado como o mais devastador da história recente do Estado– destruiu boa parte da cidade, deixando ao menos seis mortos, mais de 800 feridos e um rastro de destruição.
Segundo a Defesa Civil, cerca de quatro mil pessoas, da cidade de 13 mil habitantes, foram atingidas direta ou indiretamente pelo tornado. É praticamente toda a população urbana, que sofreu com casas destruídas ou destelhadas, ou com falta de energia elétrica, de água e de mantimentos.
Empresas também sofreram danos, somando-se ao drama da moradia um medo de futuro pelos empregos e pela própria sobrevivência financeira da cidade.
Funcionários da prefeitura, movimentos sociais, universidades, voluntários de Rio Bonito e dos municípios do entorno, equipes de bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos do governo trabalharam desde a noite de sexta, ao longo de todo o fim de semana, para resgatar, acolher e começar a reconstruir.
Fonte: Estadão




