Em documentos remetidos ao Congresso, o Ministério do Planejamento informou que o governo Lula recalculou o valor do salário mínimo de 2026. A projeção, antes fixada em R$ 1.631, passou a R$ 1.627, o que significa um recuo de R$ 4 decorrente da expectativa de inflação mais moderada ao longo de 2025, pilar central na fórmula de valorização do piso, mas o valor certo ainda não foi definido.
Caso se confirme a nova estimativa, o mínimo terá reajuste de 7,18% sobre os atuais R$ 1.518 e seguirá garantindo aumento real. A revisão enviada ao Congresso também diminuiu as projeções do salário mínimo para os anos seguintes:
- 2027: de R$ 1.725 para R$ 1.721
- 2028: de R$ 1.823 para R$ 1.819
- 2029: de R$ 1.908 para R$ 1.903
A política de valorização do salário mínimo considera dois fatores: a inflação acumulada em 12 meses até novembro, pelo INPC, e o PIB de dois anos anteriores. Para 2026, entra na conta o crescimento registrado em 2024. O Executivo afirma que a redução da estimativa decorre de uma inflação mais fraca ao longo do ano. Como os preços subiram em ritmo menos intenso, o INPC que orienta o reajuste, também ficou menor, o que puxou a projeção do piso para baixo.
A política do salário mínimo já está ligado à redução de desigualdade: o Brasil alcançou em 2024 os melhores indicadores sociais de sua série histórica, segundo uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A publicação analisa a evolução da renda, da desigualdade e da pobreza no país entre 1995 e 2024, ou seja desde o Plano Real, e mostra que o governo Lula obteve o melhor índice na redução de desigualdade.
Como lembram o IBGE e o Dieese, reajustes do salário mínimo tendem a irradiar efeitos para outras faixas salariais. Por isso, uma hipótese, não explorada pelo estudo do Ipea, é que a valorização do piso, combinada ao crescimento do PIB, ajuda a distribuir de forma mais equilibrada os ganhos ao longo da estrutura de remunerações no país. O valor definitivo do salário mínimo sai no dia 10 de dezembro e a estimativa é que o valor fique próximo da projeção atual.
Além disso, neste domingo (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão para dar detalhes à população sobre o projeto de seu governo, agora transformado em lei, que acaba com o Imposto de Renda (IR) para aqueles que ganham até R$ 5 mil por mês. De autoria do governo, a lei do Imposto de Renda Zero já é considerado a grande marca do terceiro mandato de Lula. Em um discurso forte, o presidente, além de dar detalhes sobre a nova medida, fez uma defesa enfática da justiça tributária.
“Ao longo de 500 anos de história, a elite brasileira acumulou mais e mais privilégios, que foram passados de geração em geração, até chegar aos dias de hoje. Entre os muitos privilégios, talvez o mais vergonhoso seja o de pagar menos Imposto de Renda do que a classe média e os trabalhadores. Quem vive do suor do seu trabalho e constrói de fato a riqueza deste país, paga até 27,5% de Imposto de Renda. Já quem vive de renda paga apenas 2,5% em média. Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet skis, paga 10 vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira. Imagina uma pessoa lutar para ter uma moradia digna, andar de ônibus, se esforçar para comprar um carro, e pagar 10 vezes mais Imposto de Renda do que os bilionários do nosso país. Isso é inaceitável. Era preciso mudar”, disse Lula no pronunciamento.
Fonte: Revista Fórum





