Gre-Nal histórico: conheça Byanca Brasil e sua história de gratidão com o Internacional

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Créditos: Acervo Pessoal

A paixão que Byanca Brasil sente pelo Internacional não é novidade para ninguém. Sua admiração pelo clube começou na final do Campeonato Gaúcho, em 2017, disputada contra o Grêmio no Estádio Beira-Rio. Diante de mais de cinco mil torcedores, a atacante foi responsável por todos os cruzamentos que levaram aos gols e a virada no placar: 3 a 1 para as mandantes. O título, contudo, veio somente na disputa de pênaltis, já que elas haviam perdido o jogo da ida por 2 a 0. Depois de ter passado dois anos no futebol chinês, Byanca voltou ao Colorado no início deste ano e, nesta quinta-feira (24), às 15h, no Vieirão, poderá relembrar o que é defender o time que tanto ama em um Gre-Nal, pelo Brasileiro Feminino A-1.

E não é um clássico qualquer. Além de toda a rivalidade que envolve o confronto, esta será a primeira vez que Grêmio e Inter se enfrentam na elite do futebol feminino do país. E a atacante chega para a disputa do clássico com a moral elevada. Afinal, é a artilheira do Inter no Brasileiro Feminino A-1, com cinco gols marcados, e a torcida colorada confia nela para brilhar mais uma vez no Gre-Nal.

“Com certeza, é uma partida diferente. Apesar de eu ser carioca, conheço a rivalidade daqui do Sul, sei da importância dessa partida e do peso que é sair com a vitória. Eu estou com a cabeça no lugar. O time sabe que o objetivo são os três pontos na tabela. Nosso foco é nos mantermos no G4 e buscar a primeira colocação, que é lugar onde o Inter deve estar”, conta.

Com apenas 24 anos, mas dona de um currículo extenso, Byanca já defendeu dez equipes diferentes no Brasil. Sua carreira ainda inclui uma passagem pelo futebol chinês. Em todas, manteve o faro de artilheira apurado. Mas além da facilidade em marcar gols, outra característica chama a atenção em Byanca: sua habilidade.

Conhecida por muitos como “Rainha das Lambretas”, a atacante gosta de ousar dentro de campo e arriscar jogadas de efeito. Não é raro vê-la driblando as adversárias, cobrindo-as com um lençol, um recurso que aprendeu quando ainda era mais jovem, assistindo a um grande ídolo.

“Quando eu era mais nova, meu pai me mostrava um vídeo do Falcão dando uma lambreta. Eu achei incrível e, na hora, percebi que precisava aprender aquilo. Comecei tentando pelo futsal. Depois, no campo. Como aprendi cedo, acabou se tornando um hábito. É um recurso que eu uso até hoje. Na maioria dos jogos, você me vê fazendo. Erro, acerto, mas sempre tenho o mesmo objetivo que é finalizar, fazer o gol”, explicou.

Byanca Brasil conquistou a Libertadores Feminino pelo Corinthians em 2017

Byanca Brasil conquistou a Libertadores Feminino pelo Corinthians em 2017
Créditos: Acervo Pessoal

Da pista para o campo

 

O primeiro contato de Byanca com uma bola de futebol veio aos oito anos em uma pista de atletismo. O sonho do seu pai era que ela se tornasse atleta de corrida. Foi durante um treino que uma bola correu em sua direção e sua reação foi dar um bicão para frente. Ali, a atacante já sabia que queria se tornar jogadora de futebol. Não demorou para Byanca conquistar sua primeira oportunidade. Aos nove anos, ela já defendia a base do Vasco e conquistava o prêmio da artilharia no torneio realizado para meninas com menos de 15 anos. De origem humilde, a camisa nove sempre pôde contar com o apoio de sua família e amigos.

“Eu lembro que saí do treino de atletismo falando para o meu pai que queria jogar futebol. Ele, na época, não conhecia nada disso, não sabia nem se existia alguma escolinha só para meninas. Mesmo assim, me apoiou e foi em busca desse sonho comigo. Com certeza, ele ainda é o meu maior incentivador. Acho que só sou o que sou hoje, graças a ele, que sempre me cobra para eu dar o meu melhor. Minha família também, que faz questão de estar presente. Sempre que pode, organiza rifas para me ajudar de alguma forma, seja com chuteiras, seja para assistir aos meus jogos”, conta.

Além das fronteiras brasileiras

 

O futebol da atacante constantemente chama a atenção de olhares externos. Ainda em 2016, quando Byanca atuava pelo Corinthians e tinha apenas 21 anos, ela recebeu vários convites internacionais, como do time alemão Frankfurt, do francês Olympique de Marseille e do espanhol Atlético de Madrid. Contudo, o desafio de atuar fora do Brasil só foi aceito dois anos depois, quando ela defendia o Internacional. O Wuhan Jianghan, da China, entrou em contato e, para ela, a questão financeira foi o divisor de águas.

“Quando eu jogava no Corinthians, eu estava em um momento muito bom. Lá foi um dos lugares onde eu mais aprendi. Como já tinha um tempinho de casa, decidi conversar abertamente com o Arthur e concordamos que não era o momento para sair. Primeiro, que as propostas vieram no meio do ano e, depois, que eu estava bem na competição e o time estava vingando. A minha cabeça mesmo ainda não estava preparada. Mas em 2019, quando recebi a proposta da China, pesou a questão familiar. Meus pais e irmãos estavam passando por dificuldades e foi aí que não pensei duas vezes. Na minha vida, sempre coloco Deus na frente de tudo. Se não sai naquela hora, era porque não era para ser. Hoje não me arrependo e estou muito feliz com essa minha experiência”, fala.

Byanca Brasil atuou pelo Wuhan Jianghan, na China

Byanca Brasil atuou pelo Wuhan Jianghan, na China
Créditos: Acervo Pessoal

Mesmo na equipe chinesa, a atacante sempre deixou claro seu amor pelo Internacional. Para ela, caso voltasse ao Brasil, as Gurias Coloradas seriam sua prioridade. O respeito que o clube e a torcida tinham com ela desde 2017 era o grande motivador para que suas decisões fossem baseadas neste carinho construído. Quando voltou às terras brasileiras, ela viajou direto à Porto Alegre, onde foi muito bem recebida por jogadoras já conhecidas, como Bruna Benites, Jheni e Fabi. Do outro lado do mundo, Byanca não desperdiçou a experiência e trouxe consigo um ensinamento simples, mas valioso: busque estar aprendendo a todo momento.

“Os treinos na China demoram bastante e são muito volumosos, mas o que mais observei é que elas querem aprender o tempo todo. Parece que têm sede de conhecimento. E isso foi uma coisa que eu trouxe para mim. Independente do lugar, da idade ou da bagagem, eu sempre tenho que querer aprender. Não só no futebol, mas na vida. Isso nos torna um ser humano melhor, um atleta melhor, e nos faz estar em busca de evoluir sempre”, refletiu.

Fonte: CBF
Crédito de imagem: Créditos: Acervo Pessoal