Myanmar: autoridades tentam conter protestos com balas de borracha

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epa08997968 Police fire water cannon at demonstrators during a protest against the military coup, in Naypyitaw, Myanmar, 09 February 2021. Thousands of people continued to rally despite stern warnings from the military after days of mass protests. Orders were issued on 08 February in major cities and townships banning people from protesting or gathering in groups of more than five. A nighttime curfew was also imposed. Myanmar's military seized power and declared a state of emergency for one year after arresting State Counselor Aung San Suu Kyi, the country's president and other political figures in an early morning raid on 01 February. EPA/MAUNG LONLAN

Canhões de água, balas de borracha e gás lacrimogêneo: a tensão continua a aumentar hoje (9) em Myanmar, no quarto dia de grandes manifestações em todo o país contra o golpe de Estado de 1º de fevereiro.

Em Naypyidaw, a capital, a polícia disparou balas de borracha contra manifestantes, de acordo com testemunhas.

Antes, a polícia tinha recorrido a canhões de água contra um pequeno grupo que se recusava a dispersar, durante um bloqueio de estrada das forças de segurança.

Em Mandalay, a polícia utilizou gás lacrimogêneo “contra manifestantes que agitavam bandeiras da Liga Nacional para a Democracia [LND]”, partido de Aung San Suu Kyi, a presidente eleita em novembro, disse um morador à agência de notícias France-Presse.

O movimento de desobediência civil em Myanmar contra a junta militar que tomou o poder prossegue hoje em todo o país, apesar da lei marcial decretada na véspera, uma tentativa dos militares de evitar protestos.

Milhares de pessoas conseguiram contornar os dispositivos e estão concentradas em zonas fortemente protegidas pela polícia.

Nessa segunda-feira (8), a junta militar impôs a lei marcial em várias cidades e distritos de Rangum, em resposta às manifestações, e proibiu aglomeração de mais de cinco pessoas. Decretou ainda o recolher obrigatório noturno, entre outras medidas.

O anúncio veio depois de os militares, por meio do canal de televisão estatal MRTV, terem ameaçado tomar medidas contra os manifestantes, que acusaram de prejudicar estabilidade, segurança e o Estado de Direito no país.

Ontem, no primeiro discurso à nação, Min Aung Hlaing apelou aos birmaneses para se manterem “unidos como um país” e olhar “para os fatos e não para as emoções”, ao mesmo tempo que justificou o golpe militar com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro.

Dezenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas do país desde sábado (6) para protestar contra a tomada do poder pelo Exército – que já governou Myanmar com mão de ferro entre 1962 e 2011 -, e exigir a libertação dos líderes democráticos detidos, incluindo a Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.

Pelo menos 170 pessoas foram detidas, a grande maioria políticos e membros da LND, partido governante, e de Suu Kyi, incluindo 18 que já foram libertados.

No governo desde 2016, a LND venceu claramente as eleições gerais de novembro, mas os militares afirmaram que esses resultados foram manipulados.

Fonte: RTP – Naypyidaw (Myanmar)