Abastecimento de energia da Ucrânia segue sob ataque russo

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Forças russas mantinham uma barragem de artilharia e mísseis em várias regiões da Ucrânia, atingindo muitas vezes a infraestrutura de energia, enquanto intensos combates persistiam nas regiões de Luhansk e Donetsk, no Leste do país.

Em meio à primeira neve do inverno em Kiev, as autoridades disseram que estavam trabalhando para restaurar a energia em todo o país depois que a Rússia desencadeou, no início desta semana, o que a Ucrânia disse ser o bombardeio mais pesado contra a infraestrutura civil da guerra, que começou em 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu o país vizinho.

Cerca de 10 milhões de pessoas estão sem energia, afirmou o presidente Volodymyr Zelenskiy em vídeo na noite dessa quinta-feira (17), em um país com população pré-guerra de cerca de 44 milhões de habitantes. Em alguns lugares, autoridades determinaram blecautes forçados de emergência.

A infraestrutura de energia da Ucrânia sofreu novos ataques pesados ontem, desde a capital Kiev, no Norte, até Dnipro, no centro, e Odessa, no Sul, disseram os militares em comunicado.

Nas últimas 24 horas, forças ucranianas derrubaram dois mísseis de cruzeiro, cinco lançados do ar e cinco drones Shahed-136 de fabricação iraniana, acrescentaram os militares. A Reuters não conseguiu verificar os relatórios do campo de batalha.

O papa Francisco reiterou hoje que o Vaticano está pronto para fazer todo o possível para mediar e pôr fim ao conflito.

“Devemos ser todos pacifistas”, disse ele ao diário italiano La Stampa. “Querer a paz, não apenas uma trégua que sirva apenas para rearmar. A paz real, que é fruto do diálogo.”

Nas regiões de Donetsk e Luhansk, as forças russas foram reforçadas por tropas retiradas da cidade de Kherson, no Sul, que a Ucrânia recapturou na semana passada.

Câmara de tortura

Investigadores descobriram, no território recapturado na área de Kherson, 63 corpos com sinais de tortura, depois que as forças russas partiram, disse o ministro do Interior da Ucrânia.

O comissário de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Dmytro Lubinets, divulgou video do que definiu como uma câmara de tortura usada pelas forças russas na região de Kherson, incluindo um pequeno aposento no qual ele disse que até 25 pessoas eram mantidas por vez.

A Reuters não conseguiu verificar as acusações, que incluem o uso de choques elétricos para garantir confissões, feitas por Lubinets e outros no vídeo. A Rússia nega que suas tropas ataquem civis deliberadamente ou tenham cometido atrocidades.

Valas comuns foram encontradas em outras partes anteriormente ocupadas por tropas russas, incluindo algumas com corpos de civis mostrando sinais de tortura.

Testemunha da Reuters em Kherson ouviu explosões no centro da cidade, hoje de manhã, e viu fumaça preta saindo de trás dos prédios. A polícia bloqueou o acesso, mas a confusão não pareceu perturbar centenas de pessoas na praça central, enquanto faziam fila para receber ajuda humanitária.

Em outros lugares, as forças russas dispararam artilharia nas cidades de Bakhmut e nas proximidades de Soledar, na região de Donetsk, entre outras, disseram os militares ucranianos.

O fogo russo também atingiu Balakliya, no nordeste da região de Kharkiv, que a Ucrânia recapturou em setembro, e Nikopol, uma cidade na margem oposta do reservatório de Kakhovka da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, informou comunicado.

O conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) novamente pediu à Rússia que se retire imediatamente de Zaporizhzhia, a maior usina atômica da Europa, e encerre todas ações nas usinas nucleares da Ucrânia.

Fonte: Max Hunder e Jonathan Landay – Repórteres da Reuters* – Kiev e Kherson