O que é e como funciona o IPCA, o índice de inflação oficial do Brasil

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O Brasil tem diversos índices de preços, calculados por diferentes instituições, públicas e privadas, como os da Fundação Getulio Vargas (FGV) ou da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O principal deles, porém, é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, nome completo do IPCA.

Ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), do governo, é o indicador oficial de inflação do Brasil, ou seja, a principal referência usada por economistas, investidores e pelo próprio governo em suas políticas públicas.

É ele, por exemplo, o indicador que deve, idealmente, caminhar dentro das bandas estipuladas pelo sistema de metas de inflação, e que é observado pelo Banco Central (BC) para tomar suas decisões relativas ao nível de juros do país.

O que tem no IPCA

A ideia geral de qualquer índice de inflação é acompanhar uma cesta específica de produtos ou serviços e, a partir dela, chegar ao que seria a variação média dos preços que está sendo vivenciada pelas pessoas.

É o que faz o IPCA. Atualmente, o IBGE acompanha mensalmente os preços de um total de 374 itens que chegam, de alguma maneira, ao lar ou à vida da maioria dos consumidores brasileiros.

É uma lista bem diversa de bens e serviços que vai desde as dezenas de alimentos do supermercado, como arroz, feijão, pão, legumes e frutas, até gasolina, carro, roupas, cursos, bilhete de loteria, tijolo, sabonete, cabeleireiro ou motel.

Eles estão divididos em nove grandes grupos:

  1. Alimentos e bebidas
  2. Habitação
  3. Artigos de residência
  4. Vestuário
  5. Transportes
  6. Saúde e cuidados pessoais
  7. Despesas pessoais
  8. Educação
  9. Comunicação

Do tamanho do orçamento

Cada um desses grupos e de seus mais de 300 itens têm um peso no IPCA, que seria o peso deles no orçamento da família média brasileira.

Os alimentos comprados no supermercado, por exemplo, que estão em um subgrupo chamado de “alimentação no domicílio”, representam 16% desse grande orçamento geral, e transportes, onde entram os combustíveis e as passagens de ônibus e metrô, 21%.

Vários deles representam 0,01% — ou menos — dessa cesta, o que significa que são coisas ou muito baratas, ou que as pessoas compram em pequenas quantidades, ou que só usam bem de vez em quando.

Costureira, coentro, mochila, conserto de televisão e mudança são alguns desses bem pequenininhos.

Sai locadora, entra aplicativo

Esses pesos acompanham outra pesquisa do próprio IBGE, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que é feita a cada 10 anos entrevistando famílias do Brasil inteiro e de diversos perfis de renda para chegar a um balanço o quanto elas têm e quanto consomem de cada coisa.

A cada nova POF, o IBGE atualiza também a estrutura do IPCA, para ajustá-lo às evoluções nos hábitos de consumo das famílias brasileiras.

Na última dessas atualizações, por exemplo, feita em 2020 com base nos dados da POF 2017-2018, a cesta do IPCA deixou de acompanhar itens como agrião, aluguel de DVD, xerox e ficha de orelhão, enquanto incluiu outros como requeijão, videogame, carro por aplicativo e serviços de streaming.

Lista de itens que foram incluídos e retirados da cesta do IPCA em atualização da metodologia feita em 2020 pelo IBGE / IBGE/Reprodução

16 capitais e “consumidor amplo”

O IPCA é calculado considerando o consumo médio de todos esses itens em 16 capitais brasileiras:

  1. Aracaju
  2. Belém
  3. Belo Horizonte
  4. Campo Grande
  5. Curitiba
  6. Distrito Federal
  7. Fortaleza
  8. Goiânia
  9. Porto Alegre
  10. Recife
  11. Rio Branco
  12. Rio de Janeiro
  13. Salvador
  14. São Luiz
  15. São Paulo
  16. Vitória

Ele também faz uma grande média de tudo o que é consumido, nas diferentes proporções, pelas famílias dessas capitais que têm renda desde 1 até 40 salários mínimos – por isso o IPCA é chamado de índice ao “consumidor amplo”.

A ideia, segundo o IBGE, é, justamente, chegar a um indicador que capte, da maneira mais abrangente possível, a inflação que está sendo sentida no país.